É ingenuidade
imaginar que o caminho melhor a seguir é aquele que te oferece flores, plumas
macias embaixo dos pés e um doce aroma. É tolice pensar que o que passou se
foi, morreu, deixou de existir. É difícil lutar contra a velocidade do relógio
quando tudo o que tu querias era apenas um tempo pra se refazer; é desesperador
parar, olhar ao redor e perceber que o tempo é cruel e pune sem piedade.
O encontro da onda
com as pedras surge do acaso é um evento que tu sabe que vai acontecer, porém
sempre acontece da mesma forma a onda é quem vai até a pedra. Na vida real existem
várias ondas e várias pedras da mesma forma que existe também sempre um barco
para ficar no porto. Pedra e ondas, portos e barcos, acho que estou
esquecendo... Sempre haverá tempestades, maremotos... A gente vai velejando conforme a resistência permite.
Certo dia me
coloquei como em um carro parado em pleno semáforo, chuva forte e a palheta
enlouquecida de um lado para outro na tentativa vã de melhorar a visibilidade,
carro atrás buzinando há horas... Hoje eu volto àquela condição de barquinho
sem rumo certo, direção exata e localização. Nem uma bússola sequer tenho para
me indicar. Saudades de sentir terra firme. É uma necessidade na verdade...
Abraço.