segunda-feira, 9 de março de 2015

Compa?

Quando eu era mais novo adorava voar em cima de duas rodas, entre os 15 e 19 anos montar numa bicicleta e correr sem limites era uma das formas mais simples de liberar serotonina. Deus eu adorava correr sem limites furando sinais vermelhos, cruzando entre carros, ônibus, caminhões em movimento, saltando calçadas, impondo e quebrando obstáculos em cima de uma bicicleta não apropriada a render tido o que eu conseguia extrair dela, com ajuda das minhas pernas, lógico... Ah eu amava a adrenalina da velocidade, eu amava correr.
Dos vinte para cá narro este que vos fala como um cara que continua amando a velocidade, mas que a teme para si. Um cara que não construiu nada a que tenha medo de deixar, mas que nutriu certo medo como se houvesse construído e, por isso, deixou de fazer muitas as artes que fazia sentado à cela. Foi neste período também, dos 20 para cá, que houve uma grande mudança de opinião, que a cirurgia de vasectomia deixou de ser prioridade e passou a ser lembrada como aquela ideia de um adolescente inconformado e revoltado.
É evidente que a vasectomia deixando de figurar nos altos planos de vida do indivíduo o amor paternal passa a tornar-se necessidade real. Ainda que de forma tão inusitada, mas desde então, desde esses 20 para tantos mais após eles, vai se modelando mentalmente como seria a vida paternal, o que se espera quando a sua vida deixa a te pertencer e passa a pertencer a um alguém que é parte de você fora do corpo... Uns dizem que é uma expectativa irônica, uma vez que lhes falta paciência de vez em quando, mas e com as partes dentro do corpo também não é assim? O coração, por exemplo...
Achei lindo agora a pouco, no supermercado, o meninozinho de mais ou menos 80cm correndo com a cartelinha de chambynho e dizendo: papai, poti compar? Compa papai! Compa!

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