Quando eu era mais novo adorava voar em cima de duas rodas, entre
os 15 e 19 anos montar numa bicicleta e correr sem limites era uma das formas
mais simples de liberar serotonina. Deus eu adorava correr sem limites furando
sinais vermelhos, cruzando entre carros, ônibus, caminhões em movimento,
saltando calçadas, impondo e quebrando obstáculos em cima de uma bicicleta não
apropriada a render tido o que eu conseguia extrair dela, com ajuda das minhas
pernas, lógico... Ah eu amava a adrenalina da velocidade, eu amava correr.
Dos vinte para cá narro este que vos fala como um cara que continua
amando a velocidade, mas que a teme para si. Um cara que não construiu nada a
que tenha medo de deixar, mas que nutriu certo medo como se houvesse construído
e, por isso, deixou de fazer muitas as artes que fazia sentado à cela. Foi
neste período também, dos 20 para cá, que houve uma grande mudança de opinião, que
a cirurgia de vasectomia deixou de ser prioridade e passou a ser lembrada como
aquela ideia de um adolescente inconformado e revoltado.
É evidente que a vasectomia deixando de figurar nos altos planos de
vida do indivíduo o amor paternal passa a tornar-se necessidade real. Ainda que
de forma tão inusitada, mas desde então, desde esses 20 para tantos mais após
eles, vai se modelando mentalmente como seria a vida paternal, o que se espera
quando a sua vida deixa a te pertencer e passa a pertencer a um alguém que é
parte de você fora do corpo... Uns dizem que é uma expectativa irônica, uma vez
que lhes falta paciência de vez em quando, mas e com as partes dentro do corpo
também não é assim? O coração, por exemplo...
Achei lindo agora a pouco, no supermercado, o meninozinho de mais
ou menos 80cm correndo com a cartelinha de chambynho e dizendo: papai, poti
compar? Compa papai! Compa!
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