E ele, que jamais houvera se dirigido à costa, admirou o pôr do sol como
se fosse a última coisa a se ver na vida. Certamente era a primeira vez que
assistia ao sol se pôr assim, ao som das ondas batendo nas pedras e do vento em
seus ouvidos num misto de zumbido, forte, chegando a assoviar, e um estrondo
trovoado. Paralisado diante tamanha beleza e paz, contemplava a simplicidade de
um momento tão raro em sua curta passagem.
—— É simplesmente lindo! Como eu pude demorar tanto tempo para admirar
esta maravilha da natureza?
Questionava a própria rotina que lhe furtara momentos como aquele,
momentos de reflexão, paz e aconchego. O privava de ouvir o som do mar e
contemplar o azul do céu ser invadido por diversas tonalidades que tingiam as
nuvens ao refletirem os raios solares quase em seu fim. Os olhos opacos se
umedeciam e um sorriso, ainda que tímido, formava a satisfação no rosto de quem
havia ganho a vida naquele fim de tarde, como se o mundo já pudesse acabar após
aquele evento.
—— Agora eu posso partir em paz —— no instante de suas palavras uma lágrima escorreu de cada lado do rosto
e seus olhos se fecharam pela última vez.
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