Eu vinha no ônibus como sempre, na minha, olhando pela janela e deixando o vento bater nos olhos, perdido em meus próprios pensamentos, ouvindo vozes bem longe – apesar de que, dentro de ônibus, o povo não economiza as cordas vocais, muito menos o volume – desligado.
Só que essa minha hipnose maluca é quebrada por um aparente dialogo ao telefone, e foi então que eu ouvi algo que me surpreendeu; A moça dizia exatamente assim:
“- Eu preciso parar com essas bobagens, porque depois quem fica sofrendo sozinha sou eu.
- Desculpa, eu vou me controlar, vou parar com essas chatices; eu te amo muito. Eu sei que sou chata, mas eu faço isso porque eu tenho medo de te perder.
- Eu sei, se você não me amasse também, não aturaria as minhas besteiras, é por isso que vou tentar mudar, vou fazer um esforço por você e pelo que sinto por você. Não se afasta de mim, eu te amo muito, muito, muito. To no trabalho e infelizmente tenho que desligar, só liguei para ouvir tua voz e acalmar meu coração, estava sentindo muito a tua falta.
- Eu não quero perder você, meu amor. Tudo o que eu faço é para não te perder, mas sei que estou fazendo errado e vou consertar isso, ta? Quando sentir saudade, dá um toque que eu te retorno, eu te amo muito. Mais tarde eu te ligo, um beijo meu amor.”
Eu fiquei surpreso por ter ouvido isso de uma mulher, sabe? É difícil para uma mulher admitir que esteja sufocando o seu parceiro, tudo bem que foi algo por telefone, mas eu achei bonito o gesto da moça de ligar para o namorado, admitir e se desculpar. Ver que está de alguma forma afastando ele dela com aquela atitude e, partir dela o diagnóstico de mudar, o que é muito importante, diga-se de passagem. Sem fazer distinção de sexo; acho que esse tipo de atitude deveria existir de ambos os lados, acho que o bem estar dos casais só conta com a consciência de ambos... Evitaria tantas coisas... Talvez ela teve esse tipo de consciência, ou porque o namorado foi contrário a veras com tais atitudes, ou, quem sabe, a fez sentir na pele o que esse modo de agir acabaria causando. Às vezes por falta de um grito se perde uma boiada inteira...
Fim dos tempos? Não, talvez seja a verdadeira essência do amor ameaçada por desespero... É importante enxergar que a alma do negócio é aproximar sempre, jamais afastar a pessoa amada... Eu não parabenizei a moça pelo ato, mas fiquei feliz por ela.
Esse é só um relato mesmo, achei interessante e quis postar no blog, quem achar que consegue, retira uma lição daí.
A moça era a cobradora do ônibus que faz a linha UFAC.
Abração.