segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Você entenderia?

Não fazia muito tempo que chegaram de viagem, nova vida, novo lugar, outro clima e vem logo a diferença. É sempre assim quando saímos de um lugar para outro se precisa de um período de adaptação. Para ela não era bem estranho afinal nascera ali, mas pra ele sim era estranho. A alternativa era tentar salvar um pouco do que restara dos dois, de repente respirando novos ares as coisas pudessem se acertar, ou, claro, errar de vez tudo era tão diferente do normal e, comum...
Os dias passavam e aos poucos o bom e velho humor parecia retornar àquele lar tão cedo os primeiros raios de sol brindavam o dia, já levantava e preparava logo o café da manhã.

- Seria uma boa levá-lo na cama? O que me diz achas que ela iria gostar?

Conversava insanamente como se alguém mais o estivesse a fazer companhia tratava-se da mesa farta, mas, mesmo sem que ele soubesse, havia alguém ali. Jessica acordara e ficava a observar das escadas tudo o que Felipe fazia, sorrindo em alguns momentos abafando o riso com as mãos e balançando negativamente a cabeça, em outros, tomava expressão séria e triste... Havia algo de muito estranho apenas não havia sido revelado ainda.

- Ah, amor, você está aí. Por que levantou tão cedo? Não precisava se preocupar estava preparando o seu café para levá-lo na cama.

Ela então sorria novamente e descia as escadas lentamente apoiando-se no corrimão até chegar à cozinha.

- Está frio! Nossa! Quanto tempo. Vamos caminhar? Vem, esquece isso, vem comigo.

Ela segurava em uma das mãos e saia levando ele, meio que sem vontade, para parte de fora da casa, onde a neve caia bem serena e já começava a querer cobrir as calçadas. Os pássaros e seu belo cantar tornavam ainda mais prazerosos aquela caminhada que, ao contrário do que mostra o início dessa história, não tinha o intuito de amenizar as coisas... Um tropeço no nada e um leve tombo, Jessica se viu obrigada a pedir para descansar.

                                          Imagem meramente ilustrativa. Créditos no fim do texto.

- Não foi nada. Não se preocupa comigo, está tudo bem.

Passado um tempo já em casa a moça dormia e ele estava ali, sentado em uma cadeira ao lado dela, paralisado com as mãos segurando o maxilar e em sua mente repetia-se varias vezes a cena do tropeço tão bobo... Na bolsa pessoal dela havia um envelope que aparentava ser de exames ele os pegou, mas não abriu, não achou ético tal ato e então ele olhou rapidamente em sua bagagem e tinha outro envelope aparentemente para ele; levantou-se da cadeira e apanhou-o saindo do quarto rasgou e começou a ler.  Ele dizia mais ou menos assim:

- Somos diferentes, somos de mundos diferentes essa é a razão para a falta de entendimento. Você está bem, completamente bem. Sinto que minha missão nessa vida foi cumprida. Não fique triste e sorria, pois você venceu  sua própria batalha cuidei para que não ficasse sozinho. Durante 28 anos estive com você, mas agora é hora de partir.


Adeus!











Imagem: http://rodolfolucena.folha.blog.uol.com.br/images/brno2.jpg.

5 comentários:

  1. acho que eu me conformaria, entender só com o tempo...

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  2. Nenhum adeus, não importa em que circunstâncias, é fácil, e facilmente 'digerido',

    O tempo, ou nem ele,

    A fé, ou nem ela,


    Algumas perdas, são irremediáveis,

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  3. Mas é que, na verdade, elas estava e ao mesmo tempo não estava ali...

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  4. Ando apaixonada pela nova música do Oswaldo, e
    Batucando Engenheiros (outra paixão)

    Então: Vc gosta de Engenheiros?

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