Dizem que na vida somos aquilo que fazemos, para alguns somos simplesmente o que temos e isso é independente do termo “ser”. Confuso, não? A verdade é que, para pouquíssimas pessoas, o termo “ser” está veiculado com a verdadeira essência. Exemplo: Eu sou escrotinho, mas hoje eu ouvi um lance que me surpreendeu. Chegou hoje uma pessoa para mim e, de repente, disse que nunca havia falado comigo porque tinha certo medo.
Daí assustado eu perguntei:
- Mas, eu sou tão escroto assim? E ela disse o seguinte:
- Não, não é isso. Apesar do seu jeito bastante explosivo, percebi que você é bem fechado, fica sempre ali na sua. Aparentemente está sempre ouvindo alguma coisa, seus fones de ouvido são inseparáveis de você. rs
A minha curiosidade aumentou um pouco e eu persisti...
[Eu] - Mas então, qual o motivo do medo? E ela respondeu:
- Na verdade, eu sempre procuro conhecer a forma das pessoas dialogarem para tentar fazer algum contato... Sou do tipo de pessoa que sempre leva em consideração às primeiras impressões, não gosto de me precipitar quanto a elas. E então eu disse:
[Eu] - Ah, legal. Agora a pouco conversava lá na minha sala e falamos em situações precipitadas, não é o caso aqui, claro. Apenas comentei pela coincidência da palavra. Hahahahaha! E aí, passou o medo? E ela respondeu:
- Não há mistério. Como qualquer outra pessoa, é preciso apenas saber conversar. Muita gente da minha turma não curte você. Gente que nem sabe seu nome, falam “pequenininho” quando vão falar de você. Passei a analisar para entender o porquê. Eu tirei uma conclusão, pode ser errada, mas de qualquer forma, é a minha conclusão. Você tem um certo receio em se tratando das pessoas. Percebi que mesmo ali, na sua, você observa tudo e a todos, não entendi o porquê, mas creio que isso se deva a alguma experiência, mas isso não é da minha conta, “né?” Nem te conheço. Rs. Eu disse:
[Eu] - Relaxa. No mundo de hoje a gente precisa confiar em si próprio antes de confiar na nossa própria sombra e, assim, partir para confiar nas pessoas. É bem complicado. Mas o seu raciocínio faz sentido, existe sim coisa incomum em sua análise. Eu acabei me afastando de muita coisa aqui, foi necessário, eu precisava ver algumas coisas, e às vezes quando se está envolvido demais nos lances você acaba não enxergando. Mas se prestar atenção com olhar de espectador você passa a notar que algumas coisas girando em torno de você pode ter falhas, podem estar erradas... Isso não acontece só com estranhos. Foi uma forma escrota que arranjei, sabe? Mas é meio que um mecanismo de defesa. Eu sou bobo demais, às vezes acabo passando por idiota... Não sou, mas por ser bobo demais, às pessoas tentam me fazer. Daí eu preciso deixar a situação e olhar como um mero espectador, como se estivesse somente assistindo e não envolvido, aí sim, eu consigo ver o que deveria antes de, quem sabe, me envolver em certas coisas. E ela falou.
- É, não entendi nada do que explicou, mas uma coisa eu sei: É muito ruim quando as pessoas fazem a gente de besta, alguns amigos meus também fizeram isso comigo, pensava que tinha amigos, sabe? Hoje eu não confio muito em ninguém.
[Eu] – Ah, eu tenho amigos... Eu só sou um pouco arisco com todos. Mas se você conversar comigo eu sempre irei conversar de boas com você, sem problema algum. É difícil, mas eu sei retribuir atenção e tal. Algumas pessoas não me curtem acho que pelo meu jeito, o que é aceitável... Sei lá, eu cansei de tentar fazer muitas coisas, sabe? Mas uma coisa eu posso dizer tranquilinho... Não busco promoção. Não forço promoção. Faço o meu e deixo que os promotores observem se existe merecimento. Acho que é desnecessário certas situações nesse sentido. Por isso que, normalmente, você vai me ver por aqui pelos corredores. Numa cadeira ou sentado no chão, ouvindo música ou conversando com duas ou três pessoas. Dificilmente vai me ver em coordenação queimando seu fulano seu beltrano e tentando me exaltar ou criando situações forçadas relacionadas a isso. Chato puxar o tapete de quem quer que seja.
- Ah sim. Eu tenho que ir pra sala, agora. Aula de Física IX, como é teu nome mesmo?
[Eu] – Tasso, mas pode me chamar de “Pequeno” é como quase todos chamam mesmo.
- Ta legal. Tchau.
Coincidência ou acaso?
Enfim... Existem pessoas e pessoas. Hoje questionei e fui questionado em relação a conhecer... Logo quando vou para aula acontece esse diálogo, coincidência? Talvez.
O engraçado é que, certas coisas se repetem tantas vezes, situações acontecem de tantas formas... Um filme que você viu 5 (cinco) vezes, é bem normal que você saiba narrá-lo de olhos fechados, e você nem precisa ser um Einstein... Às vezes você é taxado de coisas, por pessoas que se passam por tal... Quando que na verdade, certas coisas você sempre soube, mas, pra que meter unha na ferida, não é mesmo? Inflama, sangra, dói... Não sou esperto, mas também não sou idiota. E princípios, em minha opinião, só valem quando seguimo-los à risca... Não é coerente ser contra queimadas no verão e ir lá a sua área e mandar fogo.
Quanto à guria, não sei se seremos amigos, mas ela veio falar comigo e expôs a sua forma de ser, isso é legal. Muitos passam uma vida inteira com várias formas. Refletindo, não conhecemos mesmo as pessoas... Principalmente porque não sabemos qual das pessoas é a pessoa. Quando existem várias e o conhecimento é quase que berçário, fica osso mesmo.