Há muito tempo não falava
especificamente sobre isso. Não sei dizer se por preguiça ou somente estratégia
para esquecer, mas é estranha a atração que tenho para tudo aquilo que se
encontra longe dos olhos, longe do raio de alcance das mãos. Assusta-me também
a facilidade que o outro lado tem de diminuir essa distância passando aquela
agradável, porém falsa sensação de estar próxima. Talvez o barato da questão
seja realmente esse, o de “estamos muito longe, nunca vai rolar” o que deveria,
em tese, desestimular e não te empurrar precipício abaixo.
Tenho a impressão que mesmo com o
passar dos anos algumas coisas continuarão vindo à tona, sabe cara é algo sem
controle, algo que transcende tudo que possa estar completamente estabilizado
no momento real. Os cientistas dizem que a mente humana é o terreno aonde eles
ainda precisam pisar – considerando real a possibilidade de já terem estado na
lua –, mas eu digo que o coração também continua sendo um serial killer frio e
calculista, talvez um verdadeiro kamikaze...
No jogo da sobrevivência ele adquire a
habilidade do fígado, se autodestrói e logo depois se recompõe. Como uma camada
de foto no photoshop, ele fica ileso enquanto a outra, a parte que nos compete
sentir, sofre modificações e fica tal qual Hiroshima e Nagazaki, completamente
arrasada. Não sei o que ele ganha com isso, deve ser uma sensação esplendorosa,
talvez uma doce tolice, por que não? Somos mais inteligentes que os nossos
corações, depois de bastante levar bordoada na análise fria dos fatos acabamos chegando
a esta conclusão.
Mas ele é imprevisível dentro de sua
previsibilidade, e constatamos que não temos controle algum sobre ele quando
nos encontramos no arco central do alvo, quando a mira já nos aponta como
direção... Quando todas as pancadas levadas outrora retornam em uma espécie de
vale a pena ver de novo...
Abraço.